terça-feira, 1 de novembro de 2011

Setembro 2010 - TERRITORIALIZAÇÃO

01/09/2010
Discussão sobre Escuta Qualificada
- as pessoas acham que acolhem, e durante o processo de formação elas também acabam reproduzindo e escutam o que querem.
- questões relativas aos Conselhos profissionais.
- todos na unidade de saúde são profissionais de saúde.
- tempo para realizar a escuta.
- produção imaginária da demanda, a percepção que o usuário tem do serviço.
- acolhimento das questões em grupo, e depois encaminhava para as questões individuais.
- mudança no processo de trabalho e deslocando a centralidade no profissional médico.
- discussão sobre conselho gestor.
- a Camila leu um texto que fala sobre o silêncio e sobre a escuta real do que o outro fala.
- prestar a atenção.
- o ideal, o real, e o meio de tudo isso que é o possível na realidade do dia a dia.

08/09/2010:
Começo a postagem com trechos que grifei do texto "Territorialização enquanto princípio da governança nas Políticas Públicas de Saúde: um estudo de caso no Recife, PE. de Marcos Aurélio Dornelas utilizado na discussão sobre território em:

"O território é o que é próximo; é o mais próximo de nós. (...) É o espaço que tem significação individual e social. Por isso ele se estende até onde vai à territorialidade. Esta é aqui entendida como projeção de nossa identidade sobre o território." (MESQUITA, 1996. P. 76) 

"Rede social diz respeito aos vínculos de determinados indivíduos em um determinado momento espaço-temporal. Esses vínculos podem ser herdados de situações anteriores, da história particular de cada indivíduo, classificamos essas redes como redes de procedência, formada por pessoas geralmente ligadas à família do indivíduo. Outro tipo de rede é aquela que construímos e reconstruímos todos os dias, são as redes de mediação. Essas com laços mais fracos em relação àqueles das redes de procedência, podem estar ancorados nas pessoas do trabalho ou outros grupos relacionais como igreja, associação comunitária ou partido político. Particularmente nesses territórios-rede construímos, e eventualmente destruímos cotidianamente um bom número das ligações que dispomos."

Reflexão: é na discussão sobre o território e sobre as interconexões, que o grupo de especializando começa a fortalecer seus próprios laços de confiança para a constituição das redes de apoio e fortalecimentos dos serviços de saúde da região. É a construção ativa do processo de responsabilização pelo território no coletivo de especializandos do grupo 3. 

Novo disparador: Vídeo BMW Vermelho

Ano 2000
Duração 19 min

Sinopse: Uma família humilde recebe um verdadeiro presente de grego: um carro de luxo, que não pode ser vendido por dois anos. Para piorar a situação, ninguém sabe dirigir. O tempo passa, e o automóvel acaba tendo usos bastante inusitados... Link: http://www.portacurtas.com.br/filme.asp?Cod=180

Discussão:
- O primeiro olhar para o território como determinante para o início do trabalho.
- A relação do poder público com a formação da comunidade e os recursos disponíveis.
- Situações do território e a forma de intervenção da unidade de saúde com essas questões.
- Características sociais que delimitam o território.
- O histórico de formação das regiões e dos territórios.
- O território dividido geograficamente é necessário. Porém, com a questão do olhar ampliado para a saúde através da escuta qualificada, as necessidades não podem ser fechadas nesse território.

Informações do território:
- histórico de formação;
- características sociais e demográficas;
- relações e redes entre indivíduos e serviços;
- vínculo com o território, com pessoas, com profissionais e com o serviço;
- características geográficas que delimitam ou não a divisão territorial;
- pactuações e acordos entre serviços;
- territorialização e desterritorialização;
- reorganização das práticas de trabalho;
- intimamente ligado ao processo de "escuta" das demandas do território. É possível se o processo for participativo.



Dia 15/09/10 - Territorialização
         Pensar o processo de territorialização sem uma apropriação coletiva “de qual território estamos falando?” nos apontou uma direção no sentido de conhecer de qual território estamos falando.
Durante este dia foram realizadas visitas às três áreas de abrangência da região 3 que são: Farina, Parque São Bernardo, Vila São Pedro, nesta última foi visitada também a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de urgência e emergência.
         Foram observados vários aspectos das unidades dentre os quais, vale destacar: estrutura física e de recursos humanos das unidades de saúde, fluxo dos pacientes, demanda de locais específicos como recepção, farmácia entre outros. Além disso, visitamos as áreas de abrangência das unidades onde observou outros equipamentos públicos das áreas principalmente escolas, igrejas, algumas associações dentre outros equipamentos. Aspectos relacionados ao modo de vida da população local também foram observados como, por exemplo: a distância de algumas áreas para a unidade de saúde mais próxima, as divisas de áreas com outros municípios e de dentro do município com outros bairros, as áreas de risco, de influência, a densidade populacional, as condições de vida e moradia de algumas áreas visitadas.



Materializando o território em arte: a MAQUETE DO TERRITÓRIO (Vila São Pedro, Parque São Bernardo e Jardim Farina)











"O mundo é formado não apenas pelo que já existe, mas pelo que pode efetivamente existir." Milton Santos

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

O início do Curso - Agosto de 2010

12/08/2010:


- Apresentação das pessoas e muitas expectativas:

FACILITADORES: Carlão (médico pediatra; 33 anos na Prefeitura de São Bernardo do Campo; está na Atenção Básica - ciclos de vida) e Andréa (Psicóloga; Coordenadora do CEREST).

ORIENTADOR: Casarin

ESPECIALIZANDOS:

Geraldo (especialista em saúde pública e em emergência);

Marisa (urgência/emergência - saúde pública e saúde do trabalhador; está na Vigilância Sanitária Municipal)

Vera (17 anos na Prefeitura Municipal de São Bernardo do Campo; advogada - sonho de ser delegada; especializada em administração hospitalar);

Sandra (11 anos na Prefeitura Municipal de São Bernardo do Campo; psicóloga; gosta de trabalhar com o público);

Eduardo (farmacêutico na Vigilância Sanitária já a 10 anos; já esteve no Ministério da Saúde na parte de inspeção de serviços);

Conceição (está a 25 anos na Prefeitura Municipal de São Bernardo do Campo como auxiliar de enfermagem; é graduada como enfermeira e tem pós-graduação em docência);

Iana (fez residência e especialização em psiquiatria; trabalhou com David Capistrano e na estruturação das redes de CAPS para descentralização);

Vera Marina (está a 22 anos na Prefeitura Municipal de São Bernardo do Campo; é gerente de Gestão Participativa);

Suze (começou como recepcionista e agora é Assistente de Diretoria da Atenção Básica; não terminou curso de Saúde Pública e de Administração Pública);


João (atenção hospitalar - não estava presente);

Camila; Michele; Marcelle; Jonathan e Eu!!!
"Cada semente tem todo o potencial para se tornar uma bela planta, porém uma semente de Alfazema crescerá como Alfazema. Uma semente de Mangueira, crescerá como Mangueira... essa é a diversidade da vida!"
REFLEXÕES: muitas pessoas interessante. Importante saber a formação das coordenadoras.

Disparador: FILME

Título original: A Pessoa É Para O Que Nasce
Gênero: Documentário
Duração: 84 min.
Lançamento (Brasil): 2003
Direção: Roberto Berliner
Música: Hermeto Pascoal
A trilha sonora é marcante! Segue link para compartilhar: http://www.radio.uol.com.br/#/letras-e-musicas/ceguinhas-de-campina-grande/atirei-no-mar/2456813

Sinopse: Três irmãs cegas. Unidas por esta incomum peripécia do destino, Regina, Maria e Conceição viveram toda sua vida cantando e tocando ganzá em troca de esmolas nas cidades e feiras do Nordeste do Brasil. O filme acompanha os afazeres cotidianos destas mulheres e revela suas curiosas estratégias de sobrevivência, das quais participam parentes e vizinhos. Acompanha também, numa reviravolta inesperada, o efeito do cinema na vida destas mulheres, transformando-as em celebridades.

Discussão do Filme: 
- Potência; Dependência; Resiliência; Estética; Solidadriedade entre elas; Pudor; Amor; Autonomia; Silêncio; Arte e representação do Ser; Essência.
- A saúde possibilitando que as pessoas sejam pertencentes à esse serviço, é isso que as vincula.
- PADRÕES (Deficiência X Normalidade; Limitações); Relação de poder; Poder econômico; Contradições; Poder Público; Necessidade de Saúde; Formação Profissional.
Poder Público e Ações do serviço público <---> Autonomia 

REFLEXÕES: 
- O que esperamos do outro? Como nos relacionamos com o outro? O que enxergamos em nós e nos outros?
- De onde vem o riso? O que nos mobiliza para essa reação?
- Que necessidade é essa de se abrir dessa forma? CALMA...



13/08/2010
Discussão sobre TERRITÓRIO: 
- escuta; intersetorialidade; conhecimento da população; necessidades de saúde (senti uma resistência do grupo em discutir perspectivas mais abrangentes sobre esse tema). Durante a discussão, nos foi apresentada (ao grupo de apoiadores) uma clareza de como essas questões amplas se relacionam com a prática do dia-a-dia.

Leitura do texto: "Viver é muito perigoso" de Sidnei José Casetto. 

Reflexões sobre o texto: 
- Cada um reage de uma forma no processo de saúde doença.
- "Estar dentro de padrões clínicos não quer dizer saúde."
- O que é normalidade? (Canguilhem*)
- Ouvir do outro algo que não temos o costume de perceber em nós mesmos. Nossa relação com o próprio corpo é quase nula...
- Qual a relação entre as concepções de saúde e o fazer cotidiano?


- É necessário pensar também, como essas discussões são levadas para o COLETIVO (aqui entra o conhecimento do território para qualificar a concepção de saúde).

* Georges Canguilhem (Castelnaudary4 de junho de 1904 - Marly-le-Roi11 de setembro de 1995) foi um filósofo e médico francês. Especialista em epistemologia e história da ciência, publicou obras importantes sobre a constituição da biologia como ciência, sobremedicinapsicologia, ideologias científicas e ética, notadamente Le normal et le pathologique e La connaissance de la vie. Discípulo deGaston Bachelard, inscreve-se na tradição da epistemologia histórica francesa e terá uma notável influência sobre Michel Foucault.
Sua tese principal é de que a vida não pode ser deduzida a partir de leis físico-químicas, ou seja, é preciso partir do próprio ser vivo para compreender a vida. Assim, o objeto de estudo da biologia é irredutível à análise e a decomposição lógico-matemática
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Georges_Canguilhem (acessado em 14/10/2011)
 Só se pode viver perto de outro, e conhecer outra pessoa, sem perigo de ódio, se a gente tem amor. Qualquer amor já é um pouquinho de saúde, um descanso na loucura. Deus é que me sabe”. 
Guimarães Rosa em Grande Sertão Veredas


23/08/2010
Expectativas para o Curso de Especialização em Gestão dos Serviços de Saúde 
Tendo como contexto a metodologia pedagógica desse curso, minhas principais expectativas atuais são:
- Aprofundar conhecimentos existentes e aprender novas coisas relacionadas à gestão dos serviços de saúde com base nas discussões e experiências trazidas pelo grupo.
- Aprender novos conceitos que compõem os estudos em Saúde.
- Contato com novos autores e novas produções de autores já conhecidos.
- Melhoria na rede de serviços, como reflexo da relação fortalecida entre os integrantes do grupo ao longo do processo de formação, e pela discussão dos processos de trabalho intra e inter serviços.
- Renovação da necessidade de estudar, refletir e buscar teoria para entender e ajudar a transformar as situações vividas no cotidiano do trabalho.
Acredito que durante o curso, essas expectativas possam ser transformadas ou resignificadas.

24/08/2010
Memorial: Mariana Fonseca Paes
            A aproximação com o Sistema de Único de Saúde Brasileiro é o momento que marco como o início de transformações extremamente importantes em minha vida.
            Foi no primeiro ano de faculdade (2003) que comecei a participar das atividades do Centro Acadêmico de Farmácia da UNESP, e conhecer vários lugares de nosso país e pessoas diferentes que conheciam o SUS, e com bastante insistência diziam sobre a importância de pensarmos sobre como a nossa sociedade funciona e de que forma o SUS faz parte da luta pela transformação social. Nos outros anos de faculdade o interesse de trilhar o caminho profissional no SUS estava cada vez mais presente, porém as dúvidas com relação às possibilidades futuras eram gigantescas.
            Surge, no último ano do curso (2007), o processo seletivo para o programa de Residência Multiprofissional em Saúde da Família e Comunidade pela UFSCar. Essa se configura como a grande oportunidade de estar trabalhando no SUS e ao mesmo tempo estar em processo de formação. Durante dois anos (2008 – 2010) pude entender o que era ser profissional de saúde e a demanda social de minha profissão, porém vivendo um processo extremamente contraditório, já que isso deveria ter sido possível após o curso de graduação. Na Residência aprendi e percebi o que era o SUS, trabalhando em duas unidades de saúde com Estratégia de Saúde da Família, tendo contato e formando laços com profissionais e usuários do serviço. Conheci o que era trabalhar multiprofissionalmente, e como era importante ter contato com outras áreas do conhecimento em saúde. Conheci também outros farmacêuticos e juntos pudemos consolidar uma atuação profissional que fosse coerente com o que o serviço de saúde necessitava. Muitas dificuldades para construir esse caminho, e muitas descobertas. Pude também conhecer pessoas que se tornaram amigos e amigas ao longo da jornada e me ajudaram a descobrir cada vez mais quem eu era e o meu papel aqui. Pessoas que estão e estarão sempre comigo de alguma forma.
            Com o término da Residência, trabalhei por quatro meses em Mauá, e tive um contato diferente com o serviço de saúde. Não era residente, era trabalhadora da saúde. E dessa forma várias situações vividas anteriormente eram bastante determinantes para a atuação mais qualificada como profissional. Uma experiência extremamente rica, porém as possibilidades de contribuir em questões além da Assistência Farmacêutica estavam um pouco distantes.
            A possibilidade de vir trabalhar em São Bernardo do Campo permeava a necessidade de estar “fora” da farmácia, pensando e ajudando a estruturar o SUS em suas várias dimensões. Outra questão relevante nessa escolha era a de poder estar vivendo esse processo, juntamente com algumas pessoas que estiveram na Residência e pensavam o SUS como parte do significado de suas vidas. Atualmente, o trabalho é bem próximo ao que desenvolvia durante a Residência, porém o tempo traz uma percepção mais madura de alguns processos e isso tem ajudado bastante a pensar e imaginar o futuro.

25/08/2010

O texto base para a discussão foi: As Necessidades de Saúde como conceito estruturante na luta pela integralidade e equidade na atenção à Saúde de Luis Carlos de Oliveira Cecílio

Reflexões: Nas discussões as expectativas foram tomadas pela dualidade aparente do "quem PENSA e quem FAZ". Os Apoiadores puxam a discussão para o lado teórico e conceitual, e os outros integrantes do grupo trazem a questão da prática, e a aplicabilidade real de toda essa teoria.
O texto do Cecílio contribui nessa questão pois aborda a necessidade de saúde como um conceito na estruturação dos serviços. Não necessariamente as necessidades são vistas dessa forma na atuação prática do dia-a-dia. Continuemos...