03/11/2010
Disparador: DESAFIO DA INTEGRALIDADE SEGUNDO AS PERSPECTIVAS DA VIGILANCIAS EM SAÚDE E DA SAUDE DA FAMILIA. Carlos Eduardo Aguilera Campos.
Pontos principais de discussão:
- A Integralidade sendo possível pela Educação Permanente dos profissionais.
- “Descompromisso” do usuário frente aos cuidados oferecidos pela rede.
- As características do território se manifestando no indivíduo e isso chegando como demanda no serviço de saúde. E dessa forma intervenções para o indivíduo podem ou não refletir em possibilidades de mudança.
- O olhar para o caso é para o pedaço do caso, o pedaço que cabe ao meu serviço. Mas quais exercícios fazemos para entendê-lo com a complexidade que ele representa.
- Oficina inter secretarias para saber o que se desenvolve por cada setor no território.
- O Controle Social sendo exercido de forma não tão institucionalizada como se dá nas Reuniões do Conselho Gestor.
- A linha de cuidado como parte da rede que estrutura o atendimento. Considerar que várias linhas formam uma rede...
Reflexões: Particularmente nesse dia, a discussão foi bastante intensa para mim. Ter acesso a alguns conceitos sobre as diversas dimensões da integralidade, porém estarmos distantes disso na realidade gerou grande desconforto, e falta de clareza ao expressar minhas opiniões nesse dia. Clareza, é algo que está conosco a todo o momento, porém nos perdemos em nossa própria inquietude e falta de paciência. Pondero, agora, sobre a relatividade do tempo das coisas...
A Persistência da Memória de Salvador Dali.
08/11/2010
Resumo do texto lido: Por uma clínica da expansão da vida de Leila Domingues Machado e Maria Cristina Campello Lavrador.
Campos problemáticos que perpassam a perspectiva clínica
"A construção de uma clínica ampliada tem produzido a saúde como mais um produto a ser consumido? A saúde precisa se diferenciar dos serviços de saúde. A saúde se amplia, cria sempre novas normatividades. O serviço se transforma, produz redes, re-configura territórios, mas nunca poderá conter a saúde. A saúde ou, como preferimos nomear, a potência de vida, ultrapassa as redes de serviços. Não porque haja uma carência na eficácia dos mesmos, e sim porque os serviços nunca poderão conter a saúde, a menos que o objetivo seja o da produção de adoecimentos.
Nesse sentido, observa-se certa confusão em curso. Com o intuito de ampliar a clínica, de arrancá-la do modelo estritamente ambulatorial, e de ampliar os cuidados com a saúde, as Unidades Básicas de Saúde (UBS), por exemplo, ofertam oficinas, atividades físicas etc. Ora, as redes de saúde não deveriam ser entendidas ou reduzidas à oferta de atividades diferenciadas numa mesma unidade. Ao contrário, as redes precisam envolver setores e atores diferenciados da comunidade e a possibilidade de circulação e de troca entre estes setores. Assim, não se trata de fazer funcionar tudo em um mesmo espaço e nem, tampouco, de controlar a circulação do usuário pelos diferentes espaços. A ampliação precisa estar referida à invenção de outras possibilidades de vida, de outros modos de existência que possam constituir uma “comunidade por vir” (Agamben, 1993, p.11), e não a uma rede ampliada de tutela e/ ou uma pseudo-rede que funcione por encaminhamentos burocráticos para outros recursos/serviços, como se estivesse sendo passada uma ‘batata quente’ para o outro. Os encaminhamentos precisam ser conversados, compartilhados de modo que se produza uma corresponsabilidade nesse processo.
Coloca-se em funcionamento um compromisso ético com o outro, com os ‘usuários’ que chegam até nós e, também, com os trabalhadores de outros serviços. Esse compromisso ético faz ressoa algumas questões: O que nos move, o que nos faz ver e não ver, ouvir e não ouvir, falar isso ou aquilo, calar? Quais forças estão em jogo? Quais práticas estão sendo postas em ação? Como inventar comuns? Como tecer redes?
Desse modo, a produção da saúde não pode ser limitada aos serviços de saúde e aos seus trabalhadores. É preciso que o ‘usuário’ tome posse de si, do seu corpo/alma, do seu cuidado, enfim, que ele crie e amplie suas redes de saúde, que ele ative potências de vida que incluam os serviços, mas não se restrinjam aos mesmos.
Ampliar a clínica envolve colocar em análise: as nossas posturas, as nossas concepções, os nossos preconceitos, os nossos endurecimentos, as nossas permeáveis impermeabilidades ao que diferem, ao que é diferente de nós mesmos.
Avaliando, a cada momento, ‘como’ e com ‘o que’ e ‘quem’ estamos compondo e o que estamos produzindo."
Reflexão: Esta identidade vai sendo construída no e pelo ato de viver, de por-se em movimento pelo mundo. Interessante prévia para a discussão de Projeto Terapêutico Singular.
10/11/2010
Leitura da Cartilha da PNH sobre Clínica Ampliada e Compartilhada.
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Pontos principais da discussão:
Realizamos o exercício de tentar montar o PTS do caso da Narrativa disparadora desse eixo.
O PTS envolve todos os temas que já discutimos anteriormente como acolhimento, escuta qualificada, vínculo, a territorialização, trabalho multidisciplinar e rede de serviços.
1) Diagnóstico: Físico; Psicológico; Social.
1.1. Levantamento dos serviços que passaram pelo acompanhamento do caso (consultar HYGIA);
1.2. Histórico: no prontuário do serviço de referência do caso;
1.2.1. Se não estiver ou se estiver no prontuário: conversa com paciente, identificando quem tem mais vínculo para o levantamento das informações e o local mais indicado para realizar essa conversa (domicílio, unidade de saúde, etc.).
1.2.2. Estabelecer as informações chave para serem levantadas durante a conversa com o usuário (estratégias de abordagem).
1.2.3. Levantamento de dados de contra-referência dos serviços.
1.2.4. Organização da equipe para contato com outros serviços.
1.3. Levantar informações sobre os serviços da rede que podem dar conta e que tiveram envolvimento com o caso.
Reflexão: Lembrou-me a “rastreabilidade” que utilizamos na Assistência Farmacêutica:
“Toda distribuição de medicamentos envolve um sistema complexo de atividades necessárias para que o medicamento chegue ao destinatário/usuário em tempo oportuno. Um aspecto importante e muitas vezes negligenciado é a importância de garantir a RASTREABILIDADE dos produtos fornecidos. Se, por exemplo, um paciente de um determinado centro de saúde identifica uma falha de qualidade em medicamento que lhe foi fornecido, deve ser possível ao almoxarifado municipal identificar todas as informações relativas àquela compra (lote, fornecedor, fabricante etc.) para comprometer o fornecedor como também identificar todas as unidades de saúde que receberam o mesmo lote para providenciar o recolhimento. Para tanto, exige uma estrutura de gestão que permita uma distribuição segura, eficiente e econômica.” Nelly Marin em Assistência Farmacêutica para gerentes municipais.
1.4. Rediscussão com a equipe para fechar as informações levantadas e começar a montar o plano de ação.
2) Plano de Metas: que devem ser tratadas com o usuário.
3) Avaliação do Projeto.
- Nas reuniões, priorizar os casos mais graves.
- A territorialização como um processo de diagnóstico da população e seu território (etapa 1 do PTS da PNH).
- O PTS é multidisciplinar.
Questão: A rede tem que se estruturar ou ela pode ser estruturada a partir da necessidade dos PTS? (há necessidade de adequação dos recursos humanos).
- Vínculo da equipe ou profissional com o usuário.
- Listar serviços já envolvidos no caso da narrativa e que poderiam estar relacionados à discussão.