terça-feira, 27 de março de 2012

Junho de 2011: Educação Permanente e a Subjetividade do ser...

07/06/2011
Texto para o Encontro: Subjetividade e projetos coletivos: mal-estar e governabilidade nas organizações de saúde de Marilene de Castilho Sá. 
Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/csc/v6n1/7033.pdf
- Trechos destacados: 
"Hoje, é inegável que o enfoque estratégico em planejamento, particularmente em planejamento público, represente um rompimento com a maior parte dos pressupostos positivistas, a partir da introdução da dimensão humana e política. O planejamento não é só ciência e técnica, é também  arte: a arte de governar em situações de poder compartido (Matus, 1993). Reconhece-se, assim, a pluralidade de atores, com diferentes capacidades (poderes) e interesses, disputando projetos e os recursos para implementá-los. Planejamento e gestão/governo deixam de dizer respeito a um problema de administração das coisas pelos homens e passam a significar um problema de interação entre os homens na busca de seus objetivos. (...) 
Isso porque governar implicaria compatibilizar minimamente o que seria quase impossível de compatibilizar, isto é, inserir num projeto comum e em alguma medida consensual as exigências desejantes de uma multiplicidade de sujeitos diferenciados (Birman, 1997). (...)
...o desenvolvimento da autonomia dos sujeitos nas organizações de saúde é uma das condições fundamentais tanto para a ampliação da governabilidade dessas organizações quanto para a construção de projetos coletivos e solidários em seu interior. (...)
O sujeito é aquele que tenta sair tanto da clausura social como da clausura psíquica e da tranqüilização narcísica. 

É um ser criativo, que busca mudanças (pequenas, cotidianas), capaz de perceber a diversidade, e fazer de suas contradições, de seus 
conflitos e medos a própria condição de sua



vida. O sujeito é alguém que quer criar coisas 




e reconhece a alteridade do outro e sua própria alteridade. (...)


O foco que aqui concentro na possibilidade de autonomia dos sujeitos não significa, no entanto, qualquer tipo de idealização em torno de uma autonomia total. Ninguém é totalmente autônomo. Todos se inserem numa cultura
que, em parte, determina seus comportamentos."

Reflexões: O texto traz a subjetividade dos sujeitos como determinante na construção de projetos coletivos e no planejamento das ações. Refere-se em muitos momentos ao processo interno dos serviços de saúde, considero porém de extrema importância extrapolarmos, para além da tendência desse raciocínio, à toda a estrutura do Sistema de Saúde. As relações e subjetividades estão no cerne de toda a gestão do sistema e é nisso que se produz seu maior desafio... Um política, ou projeto só se concretiza se houver acordos entre os diversos sujeitos  responsáveis por tornar uma ideia executável em suas inúmeras dimensões. o
ideal e sua representação prática é um dos grandes desafios do homem, e não sozinho, mas sim autônomo dentro da coletividade.

09 e 10/06/2011
Síntese sobre a discussão de Educação Permanente:
  • Educação permanente como modelo crítico as estratégias de formação e capacitação nos serviços;
  • Conceito de implicação que objetiva colocar o processo de trabalho em análise;
  • Importância do papel de cada um no processo que escapa a lógica entre professor-aluno;
  • Diferentes modos/estratégias de comunicação e diálogo nos equipamentos de saúde (Problematização desta discussão em todos os serviços: UPA, Vigilância, PID...).

"Mãos de desenho" litografia de Maurits C. Escher, 1948.


Reflexões: Acredito ser um dos grandes desafios do momento que vivemos na rede dos serviços de saúde da cidade, e em todos os níveis de gestão. Consolidar essa prática é desafio para todos, inclusive no que tange ao modelo crítico e de implicação que se espera dentro da estrutura da educação permanente. Profissionais quietos, sem expressão ou desinteressados são grandes marcadores de que não há um efetivo espaço construído de educação permanente... Mas será que estamos todos abertos para mergulharmos por inteiro nesse processo? Se não há, professor // aluno, todos estão juntos para aprenderem e se modificarem no processo... Ou não?

"Já estamos sendo cobrados, se nos incomoda, já estamos sendo cobrados!"

Educação Permanente e sua relação com o Projeto Aplicativo:
- Estamos vivendo esses conceitos na prática, ou estamos almejando isso?
- As ações de EP são possíveis em quaisquer equipamentos de saúde?
- Educação Permanente (escolha do tema) a partir dos problemas vivenciados no cotidiano dos serviços.
- Problemas elencados no Projeto Aplicativo: Estratégia de Saúde da Família (3 unidades envolvidas, em 3 momentos distintos); grupos e atividades coletivas em saúde e acolhimento seriam as principais demandas (é constantemente trazido pelos trabalhadores no dia-a-dia).

Avaliação do grupo sobre a participação na atividade de territorialização na sensibilização da Vila São Pedro:
- Articulação das três estratégias (Territorialização, EP e Atenção Básica).
- A atividade possibilitou verificar que as equipes de saúde da família estão apropriadas das informações em saúde em relação ao seu território, embora não haja a prática cotidiana de discussão de seus indicadores.
- A troca de informações entre as equipes foi uma ferramenta importante para que todos se apropriassem dos dados/indicadores da unidade.
- Grande integração dos profissionais em suas equipes.

21/06/2011 
Discussão do Texto: Cogestão e neoartesanato: elementos conceituais para repensar o trabalho em saúde combinando responsabilidade e autonomia de Gastão Wagner de Souza Campos. Disponível em:  http://www.scielosp.org/pdf/csc/v15n5/v15n5a09.pdf

Síntese da discussão: 

- Modelo Hegemônico como pano de fundo para os padrões já estabelecidos na sociedade;
- O que pode ser considerado como MACRO e como MICRO?
- Práxis (com base no filósofo Aristóteles): "As coisas que temos de aprender antes de poder fazê-las, aprendemos fazendo, por exemplo os homens tornam-se arquitetos construindo, e tocadores de violão tocando violão. Do mesmo modo é possível tornar-se justo, praticando atos de justiça, para tornar-se moderado deve-se agir moderadamente."

Reflexões: A liberdade real é interna mesmo... com a forma como a sociedade se estrutura hoje, temos falsos conceitos de liberdade... Estar livre é projetar em nossas ações a liberdade de amarras, padrões e relativismos que nos separam da verdadeira vida em comunhão com o outro.

Pra acompanhar:
Rebento: http://www.radio.uol.com.br/#/album/gilberto-gil/gil-luminoso/2886
Gilberto Gil
     Rebento, substantivo abstrato
     O ato, a criação, o seu momento
     Como uma estrela nova e o seu barato
     Que só Deus sabe lá no firmamento
Rebento, tudo que nasce é rebento
Tudo que brota, que vinga, que medra
Rebento raro como flor na pedra
Rebento farto como trigo ao vento
Outras vezes rebento simplesmente
No presente do indicativo
Como a corrente de um cão furioso
Como as mãos de um lavrador ativo
Às vezes mesmo perigosamente
Como acidente em forno radioativo
Às vezes, só porque fico nervoso
Às vezes, somente porque eu estou vivo
Rebento, a reação imediata
A cada sensação de abatimento
Rebento, o coração dizendo: "Bata"
A cada bofetão do sofrimento
Rebento, esse trovão dentro da mata
E a imensidão do som
E a imensidão do som
E a imensidão do som desse momento


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